Reportagem realizada pela Universidade Aberta durante o Simpósio HM 2019 (ver)
Caderno de Programação e Resumos - XVI Simpósio de História Marítima (VERSÃO FINAL).pdf
Subordinado ao tema "Fernão de Magalhães e o conhecimento dos oceanos", decorreu na Academia de Marinha, de 19 a 21 de novembro, o XVI Simpósio de História Marítima, tendo sido apresentadas 27 comunicações, de acordo com o previsto no programa.
Foi no ano de 1519 que Fernão de Magalhães deu início à sua viagem em direção às Molucas, ao serviço da Coroa de Espanha, seguindo a rota para Ocidente em busca de um outro caminho para as tão desejadas "ilhas do cravo". Fernão de Magalhães não estava autorizado a navegar nos espaços do Índico, os quais, pelo Tratado de Tordesilhas, eram da esfera de influência portuguesa. A nova rota visava prosseguir a expansão anteriormente iniciada pelos Reis Católicos em 1492. Ao navegar pela zona mais meridional do continente americano, evitando a barreira terrestre que o mesmo representava no caminho a Oeste, atravessando em extensão o oceano Pacífico a nova rota ficava inaugurada. Nesta longa e atribulada viagem exercitou-se a "arte de navegar", superando as dificuldades náuticas que o novo espaço oceânico desvendaria. Nele encontraram-se outros povos, narraram-se percursos, transmitiu-se a novidade... Abriu-se, o que alguns historiadores que se debruçam sobre a História dos oceanos, nomeadamente do Pacífico, consideram ser uma "civilização sem centro", um espaço oceânico onde se desenvolveram múltiplos movimentos, desde os económicos aos sociais e culturais, cujos interstícios importam desvendar. Em 1522 o regresso a Sevilha da única nau sobrevivente desta expedição, finalmente comandada por Sebastião de Elcano, reavivou a disputa que vinha sendo travada entre as coroas ibéricas relativamente à soberania sobre o arquipélago das Molucas. Permaneciam as questões em torno da delimitação do meridiano completo da linha divisória estabelecida no tratado de Tordesilhas, cuja demarcação inicial visava o espaço atlântico. Para além dos problemas técnicos que então se colocavam, como os em torno da medição das longitudes, as disputas diplomáticas no seio do concerto das nações europeias prosseguiriam. A questão em torno desta viagem não se confina, porém, a contextos epocais, distendendo-se num tempo longo, onde os olhares multidisciplinares permitem compreender o processo de homogeneização do espaço, cuja pedra de fecho foi a viagem.
Assim, nestes três dias de Simpósio de História Marítima, onde se evocou a figura de Fernão de Magalhães, como navegador, e o conhecimento dos oceanos, foram debatidos os temas da História dos Oceanos, da náutica, da cartografia e da arte de navegar, da viagem: antecedentes e preparativos e dos decisores e agentes históricos, que, a partir de 1519-1522, passaram a ser parte integrante da História Global da Humanidade.
Após as palavras de Abertura do Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, e do Presidente da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da circum-navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (2019-2022), Dr. José Marques, seguiu-se a conferência de Abertura, intitulada "A viagem de Fernão de Magalhães e a redondeza da Terra", pelo Prof. Doutor Francisco Contente Domingues.
Na Sessão Solene de Encerramento do XVI Simpósio, presidida pelo Vice-chefe do Estado-Maior da Armada, Vice-almirante Jorge Novo Palma, em representação do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, foi apresentada a conferência "Depois da Grande Jornada. De Fernão de Magalhães a Sarmiento de Gamboa. As navegações castelhanas pelo Pacífico e a defesa do Estreito Sul. 1522-1586", pelo Professor Juan Marchena, a que se seguiu os discursos do Vice-Presidente da Comissão Científica, Prof. Doutor Vítor Gaspar Rodrigues, e do Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu.
O XVI Simpósio terminou com um momento musical, executado pelo Quinteto Clássico da Banda da Armada, a que se seguiu um Porto de Honra, na Galeria da Academia, para todos os participantes e conferencistas.