Vídeo da Sessão Cultural: https://youtu.be/Ub7nNXbGe6g
No passado dia 29 de Setembro realizou-se no Auditório da Academia de Marinha a Sessão Solene de entrega do Prémio "Fundação Oriente-Embaixador João de Deus Ramos", fruto do protocolo entre a Academia de Marinha e a Fundação Oriente, estabelecido a 22 de novembro de 2016.
Desde 2019, que este prémio passou a ostentar o nome do Senhor Embaixador João de Deus Ramos, prestando assim uma merecida homenagem a este ilustre cidadão. Além de académico e Vice-Presidente da Classe de História Marítima desta Academia, João de Deus Ramos foi também um destacado Diplomata, responsável pela abertura da primeira embaixada portuguesa em Pequim, Administrador da Fundação Oriente, e reconhecido admirador e estudioso da Ásia Oriental.
Isso mesmo fizeram questão de salientar os Presidentes da Fundação Oriente, Dr. Carlos Monjardino, e da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, que destacaram o papel que o Senhor Embaixador teve nas suas duas instituições e a importância do Prémio que ajudou a criar.
O Presidente da Academia fez também questão de salientar a importante presença de Sua Excelência o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante António Maria Mendes Calado, que presidiu a esta Sessão Solene, interpretando-a como apoio explícito do Comandante da Marinha à retoma das sessões presenciais.
A sessão consistiu na entrega dos Prémios, que este ano foram atribuídos ex aequo às senhoras Professoras Isabel dos Guimarães Sá e Célia Ferreira Reis pelas obras «O regresso dos mortos. Os doadores da Misericórdia do Porto e a expansão oceânica (séculos XVI-XVII)» e «O poder entre Lisboa e o Oriente – persistências e mudanças na administração – do Ultimato ao Ato Colonial», respetivamente.
Seguiram-se as apresentações das duas obras, começando a Professora Isabel dos Guimarães Sá por explorar as origens e condições em que o seu trabalho, O regresso dos mortos, foi desenvolvido. Este partiu de uma fortuita visita ao Museu da Misericórdia do Porto que a levou ao arquivo dessa instituição e a um fundo documental de características únicas em Portugal pela quantidade e qualidade da informação referente aos doadores, indivíduos que legaram bens à Misericórdia através do seu testamento, o que permitiu à autora realizar uma série de pequenos retratos desses indivíduos.
Analisando estes documentos a autora estabeleceu a importância das Misericórdias na comunicação dentro do império português, focando as relações com o Oriente, e procurando criar um estudo que centrasse as suas atenções de investigação num grupo de indivíduos identificáveis e únicos, afastando-se das grandes coletividades anónimas, através da cultura material e das trajetórias individuais.
Por sua vez, a Professora Célia Ferreira Reis trouxe-nos um resumo dos principais pontos da sua tese de doutoramento, O poder entre Lisboa e o Oriente, onde procurou no quadro das colónias portuguesas da Índia, Timor e Macau, e ao longo de três regimes políticos diferentes, Monarquia, República e Ditadura, caracterizar o exercício da administração colonial nesses territórios.
Destacou principalmente a evolução dessa administração ao longo de um período de 40 anos, com ritmos de mudança diferentes, e os contrastes entre a atuação do legislador e das suas soluções versus a realidade no terreno e o poder na prática.