Em 23 de janeiro teve lugar, no Auditório da Academia de Marinha, em Sessão Solene, a cerimónia de entrega do colar-insígnia a Sua Excelência o Presidente da República, Presidente de Honra da Academia de Marinha.
O Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, iniciou o seu discurso citando o verso de Os Lusíadas “por mares nunca de outro lenho arados” que constitui a divisa da Academia de Marinha. Dirigindo-se ao Senhor Presidente da República, referiu que “é imbuídos do espírito desta divisa que hoje o acolhemos na Academia de Marinha, honrados pela sua presença e orgulhosos por, a partir de hoje, o passarmos a receber também como nosso Presidente de Honra. É uma nova etapa que enfrentaremos com a mesma determinação dos descobridores, bem alicerçada no conhecimento e experiência dos que nos antecederam”. Seguidamente agradeceu ao Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, António Silva Ribeiro, o empenho e o entusiasmo dado no apoio da proposta para que “a Academia de Marinha, à semelhança das outras academias nacionais, também passasse a ter, na pessoa do Senhor Presidente da República, o seu Presidente de Honra, figura que estatutariamente não existia desde a sua criação”.
Acrescentou que , “o passar a ter o Presidente da República como Presidente de Honra da Academia de Marinha, é dado mais um contributo para que o seu prestígio saia acrescido, cumprindo-se assim, de uma forma singular, toda a simbologia contida no colar-insígnia: o nó direito que representa a marinharia e o espírito marinheiro; a cruz de Cristo que sempre esteve ligada ao espírito descobridor; a esfera armilar, símbolo do universalismo e a âncora, representação primeira do mar, dos navios e da sua arquitetura, mas também da constância, da segurança e da firmeza”.
A terminar a sua alocução, disse considerar que “a presença de Sua Excelência o Presidente da República, institucionalmente ligada a esta Academia, vem reforçar o peso da missão que lhe está cometida – dar a conhecer o mar nas suas várias vertentes, valorizar a importância do mar, ajudar a que o mar deixe de ser apenas palavra de poetas, lembranças do passado, mas clara aposta de futuro”.
Seguiu-se a entrega do colar-insígnia ao Presidente da República pelo Presidente da Academia de Marinha, tendo de seguida Sua Excelência usado da palavra, na qualidade de Presidente de Honra.
O Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou uma rica síntese histórica sobre a ligação eterna entre Portugal e o mar, desde as suas origens, através dos tempos, das primeiras dinastias, da epopeia dos Descobrimentos até à República dos nossos dias, destacando os contributos dos seus antecessores nas funções de Chefes de Estado.
Para o Presidente da República é preciso “levar muito mais longe a concretização dos trunfos geoestratégicos lusos, mais próximos ou mais longínquos, e maior empenhamento nas vertentes ecológica, económica, social e cultural dos oceanos. A geopolítica, como a economia ou a ecologia, não conhecem vazios. Haverá sempre quem preencha a lacuna criada por outrem. É tempo de não perdermos tempo” e “no nosso conceito estratégico de defesa nacional, indissociável da nossa própria identidade e carecido de adicionais reflexões nestes tempos desafiantes, o mar tem sempre de ocupar posição central na educação, na formação, na pedagogia cívica, na assunção generalizada pelos portugueses e, em especial pelas gerações mais jovens”.
Afirmou também, que o mar confere a Portugal a sua universalidade, realçando a atenção que deverá ser dada ao “flanco sul da União Europeia e da Aliança Atlântica, ao Mediterrâneo, ao próximo Oriente, ao norte de África, além da natural complementaridade euro-africana e o trans-atlantismo”.
A terminar, destacou ainda que “Portugal é um dos 25 estados com maior Zona Económica Exclusiva do mundo, que os seus fundos sub jurisdicionais poderão atingir mais de 3,8 milhões de km2 e as áreas de busca e salvamento são 62 vezes o seu território, além de 60% das trocas comerciais e 75% das importações se fazerem através do mar”.
Em suma, foi uma comunicação que percorreu a nossa História, o que fomos e agora somos, a evolução dos conceitos e desafios sobre que Marinha queremos na atualidade e o seu papel na estrutura económica, na defesa nacional, na segurança e das valências do mar na sua atual complexidade e diversidade.
A finalizar a sessão, foi executado pela Banda da Armada o Hino Nacional, cantado por todos os presentes.
Antes do Porto de Honra servido na Galeria da Academia de Marinha, o Presidente da República, acompanhado pelo Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional e pelo Presidente da Academia de Marinha, visitou a Biblioteca Teixeira da Mota, onde teve ocasião de apreciar as obras mais emblemáticas editadas pela Academia de Marinha.