Em 3 de abril teve lugar, no Auditório da Academia de Marinha, uma sessão cultural no âmbito das comemorações do V Centenário Henriquino (1894).
Depois das palavras de ocasião proferidas pelo Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, seguiu-se a comunicação da Professora Doutora Maria Manuela Tavares Ribeiro, intitulada "O Centenário Henriquino (1894) – comemorações: imagens e ideologias".
Na sua perspetiva da Professora, "os centenários, alusivos da memória coletiva, perdem-se no esquecimento ou emergem da sepultura dos anos com manifestações que despertam entusiasmos e suscitam interrogações". O V Centenário do nascimento do Infante D. Henrique em 1894 assumiu, de modo geral, a função de modelo pedagógico e as atividades festivas para o comemorar eram semelhantes a demonstrações de psicologia política.
Na perspetiva da conferencista, "este Centenário foi um espetáculo cívico da ideia de império para esvanecer o trauma psicológico da crise nacional. Evoca-se o passado glorioso do império colonial. A imagética universalizante, a afetividade pela gesta dos descobrimentos e a nostalgia do mar buscam o consenso nacional em torno da ideia de império".
Dando continuidade ao tema, usou da palavra o Doutor Victor Barros com a comunicação – "Mar, Comemorações e Memória do Infante D. Henrique na Construção de Paradigmas Historiográficos", tendo referido que a produção memorial investida em volto da figura do Infante D. Henrique foi uma das preocupações historiográficas e comemorativas dos regimes políticos portugueses ao longo de diferentes épocas.
A finalizar, o investigador da Universidade de Coimbra, salientou a forma como uma parte do programa de glorificação da figura do Infante se articulou, em diferentes ocasiões, com "a elaboração de modelos interpretativos da expansão marítima com a verificação historiográfica das motivações do próprio Infante nesse processo. (…) Trata-se de demonstrar a forma como a linguagem das diferentes comemorações cotejou essa relação."