Na sessão cultural de 6 de fevereiro, subordinada ao tema “Lisnave – Cinquenta anos de História”, foram apresentadas as comunicações “História Social da Lisnave”, pela Prof. Doutora Raquel Varela e “Lisnave, 50 duros anos de um grande êxito”, pelo Académico Óscar Mota.
A historiadora, Professora Raquel Varela, lembrou na sua intervenção que durante quase três décadas os operários dos estaleiros navais da Lisnave, em Lisboa, protagonizaram alguns dos mais importantes conflitos sociais de Portugal. A Lisnave foi, de 1967 a 1984, a maior concentração operária de Portugal com cerca de 9000 trabalhadores efetivos, tendo sido um modelo nas relações entre grupos económicos privados e o Estado. O seu crescimento acompanhou o fecho do Canal do Suez e o seu desmantelamento deu-se com a deslocalização da indústria naval para os países asiáticos. A Lisnave foi um modelo de organização dos trabalhadores com um efeito de arrastamento para toda a sociedade.
Seguiu-se a apresentação do Eng. Óscar Mota que disse, considerar a Lisnave o maior êxito internacional de sempre da indústria portuguesa. Durante alguns anos foi o maior estaleiro de reparação naval do mundo e um dos mais rentáveis, sendo admirado internacionalmente.
A grande retração de atividade surgiu com o primeiro grande choque petrolífero, de 1973-74, e com as perturbações sociais do 25 de abril de 1974.
A terminar, referiu que o renascimento da empresa, com novo modelo de operação, surgiu dum processo longo de recuperação que levou à mudança das instalações do estuário do rio Tejo, Margueira, para as do rio Sado.