Em 10 de outubro decorreu na Academia de Marinha o III Seminário Internacional «Portugal, Espanha e o Atlântico», subordinada ao tema "O Atlântico - diálogos culturais e estratégicos na contemporaneidade".
Os encontros científicos «Portugal, Espanha e o Atlântico» resultam de uma parceria entre o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra – CEIS20, muito concretamente através do seu Grupo de Investigação Europeísmo, Atlanticidade e Mundialização e a Universidad Nacinal de Educación a Distancia – UNED-Madrid, através do Departamento de História Contemporânea da Faculdade de Geografia e História.
Foram seus mentores os Professores Doutores Maria Manuela Tavares Ribeiro e Hipólito de La Torre Gomez e têm-se realizado de forma regular desde 2017 e neles têm participado renomados académicos e investigadores portugueses e espanhóis.
Numa época de reconfigurações de vária ordem do sistema internacional, o Atlântico tem vindo a ter um "ressurgimento silencioso capaz de o recentrar na geopolítica do século XXI, potenciando a posição geográfica de Portugal e maximizando a sua política externa", segundo Bernardo Pires de Lima.
Assim tem sido objetivo destes seminários internacionais contribuir para um diálogo reflexivo importante entre portugueses e espanhóis sobre a centralidade estratégica do Atlântico, nas suas múltiplas vertentes na Época Contemporânea.
Esta terceira edição resultou, este ano, de uma parceria destas duas instituições com a Academia de Marinha, tendo sido organizada pelos Professores Isabel Freitas Valente e Aurelio Velázquez e pelo Comandante Herlander Valente Zambujo.
O Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, nas palavras de Abertura e após ter agradecido a presença da Senhora Embaixadora do Reino de Espanha em Portugal, Marta Betanzos Roig, do Almirante António Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) e também Académico Emérito desta Academia, bem como a todos os responsáveis pela coordenação e organização deste Seminário, salientou no seu discurso que "colocando-se na vanguarda deste novo movimento de descoberta, não só através da sua posição geográfica, numa frente privilegiada para o Atlântico, mas principalmente porque a sua cultura, história e língua foram aquelas que moldaram este oceano e que ainda predominam nas suas margens, a posição de Portugal e Espanha é de grande importância e valor, capaz de criar pontes transatlânticas e voltar a afirmar, tal como há cinco séculos atrás, um Mundo Atlântico".
Para a dissertar na Abertura deste III Seminário, foi convidado o Almirante António Silva Ribeiro, que referiu, na sua comunicação intitulada "Contributo para uma teoria dos estudos marítimos euro-atlânticos", ser fundamental "desenvolverem-se esforços com vista à formulação de uma teoria dos estudos marítimos euro atlânticos, que tenha como objeto os desafios geográficos, que decorrem dos imperativos da posição, e as circunstâncias políticas e estratégicas associadas, respetivamente, às relações de poder e à exploração da força no mar".
Seguiram-se as comunicações da Profª Maria Manuela Tavares Ribeiro e do Comandante Valente Zambujo sobre o tema «O Atlântico: diálogos e identidades culturais (séc. XIX-XXI)». A temática «Atlântico: Ponte da União Europeia» esteve ao cuidado da Prof.ª Isabel Maria Freitas Valente e do Vice-almirante António Rebelo Duarte. Os Professores António José Telo e Carlos Amaral, centraram as suas apresentações no tema «A centralidade do Atlântico e o Futuro da Ordem Internacional». A conferência de Encerramento "Los dictados del mar en las historias contemporáneas peninsulares", foi proferida pelo Prof. Hipólito de La Torre Gómez.
Nas palavras finais proferidas pelo Presidente da Academia de Marinha ficou o registo de que "continua a haver quem acredita que o papel do Atlântico não se esgotou no passado e que Portugal e a Espanha, se não forem distraídos, serão países chave para que esse desiderato se concretize".