Sob a presidência do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante António Mendes Calado, teve lugar em 7 de janeiro, no Auditório da Academia de Marinha, a Sessão Solene de Abertura do Ano Académico, com a apresentação da comunicação "As antigas ordens militares, uma reflexão geopolítica", pelo Dr. Jaime Gama.
Após agradecer ao Almirante CEMA o ter aceitado presidir à Sessão de Abertura do Ano Académico, o Presidenta da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu entregou o diploma de Membro Honorário ao Contra-almirante, Construtor Naval, Rogério d`Oliveira, quatro Presidente desta Academia, que durante o período da sua presidência de cerca de 18 anos, recebeu a Academia de Marinha no espaço onde se encontra atualmente.
Seguidamente, usou da palavra o Chanceler das Antigas Ordens Militares, Dr. Jaime Gama, que na sua comunicação lembrou que as Antigas Ordens Militares são o testemunho da tradição secular de que são herdeiras as Ordens Honoríficas Portuguesas. Muito embora conservem a antiga nomenclatura de «Ordem Militar», trata-se hoje em dia de uma designação que pretende destacar o carácter histórico que lhes está associado.
"As ordens monástico-militares que lhes deram origem foram criadas na Idade Média, com a aprovação do Papa e com a proteção régia, visando tomar parte ativa na Reconquista, à qual deram um contributo decisivo.
As ordens monástico-militares criadas em Portugal (Ordens Militares Nosso Senhor Jesus Cristo, de São Bento de Avis e de Sant'Iago da Espada) e nos restantes reinos da Península Ibérica (Ordens Militares de Santiago, Calatrava, Montesa e Alcântara) inspiraram-se, por seu turno, nas ordens militares criadas no Reino de Jerusalém no século XI para defesa da Terra Santa – a Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém e a Ordem dos Templários."
No século XVI, com o fim da Reconquista no território português, as ordens militares perderam autonomia ao entregarem a sua administração à Coroa.
Em 1789, durante o reinado de D. Maria II, deu-se a extinção das ordens e a transferência dos seus bens para a Coroa. As Ordens passaram a ser meramente honoríficas, assentes no mérito individual.
Após a implantação da Republicana, algumas das ordens vigentes sob o deposto regime monárquico foram extintas, apenas se manteve a Ordem Militar da Torre e Espada, todas as restantes foram extintas.
Mais tarde, já em 1917, foi reformulada e restabelecida a Ordem Militar de Avis e no final da Grande Guerra, em 1918, foram restabelecidas a Ordem Militar de Cristo e a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada como Ordens Honoríficas, tendo como Grão-Mestre o Presidente da República.
Assim, são quatro as Antigas Ordens Militares com insígnias específicas, consagradas na Lei das Ordens Honoríficas: a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; a Ordem Militar de Cristo; a Ordem Militar de Avis e a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
A terminar, salientou a importância da "dimensão protocolar de que se revestem hoje as antigas ordens militares, enquanto ordens honoríficas, no contexto medieval europeu e peninsular da época em que foram instituídas, centrando a sua análise no papel desempenhado pelas antigas ordens religiosas militares na formação do Estado Português".