Em 4 de julho foi apresentada a comunicação “A importância de Cabo Verde na criação de equilíbrios atlânticos”, pelo Prof. Doutor António Leão Correia e Silva.
O orador disse que era suposto que Cabo Verde desempenhasse um papel relativamente marginal e secundário nos diversos equilíbrios económicos, socioculturais e políticos que se estabeleceram ao longo do tempo no macro e compósito espaço que é o Atlântico, visto ser um território caraterizado pela exiguidade e insularidade oceânica.
Situado na interface entre o Atlântico adjacente à Europa e o longínquo, africano e americano, teve, desde muito cedo, papel relevante como marco de delimitação de zonas de influência nos primeiros tratados internacionais verdadeiramente atlânticos, base de sondagem e penetração nas profundezas do oceano ocidental, feitoria offshore para exploração comercial da Alta Costa da Guiné, ponto de apoio no precoce movimento da diáspora de africanos no mundo ibérico e espaço de convergência, experimentação e difusão da biodiversidade biológica. Cabo Verde praticou um papel relevante como ponto de projeção de poder e de defesa da Ordem de Tordesilhas.
A terminar, referiu que as dinâmicas de recomposição dos equilíbrios de poder fizeram diminuir o valor geoestratégico do arquipélago e que só nos meados do século XIX, perante o estruturar de uma nova ordem atlântica, agora sob a pax britânica, é que Cabo Verde veio a desempenhar um papel decisivo na História do Oceano.