Na sessão cultural de 24 de outubro foi apresentada a comunicação “A CPLP e o Mar”, pelo Académico António Rebelo Duarte.
O conferencista evidenciou que Portugal numa perspetiva geográfica, histórica e cultural, não se esgota na Europa, e que estando virado para o Atlântico e com os pés no Mediterrâneo, este é também merecedor de inclusão histórica na nossa identidade geoestratégica.
Nessa medida, disse que “fará sentido a congeminação de um futuro que passe pela consolidação do poder funcional que lhe advém da condição de plataforma oceânica de fachada atlântica”, onde a Lusofonia encontra a raiz estratégica fundamental, num futuro português em cujo horizonte, à semelhança do passado, sobressai o Mar, enquanto espaço estratégico de interesse nacional permanente e espaço de ligação comum a todos os países membros da CPLP.
A manifestação mais expressiva de uma renovada estratégia nacional pode situar-se no duplo contexto – MAR e CPLP –, as tais duas “janelas de liberdade e oportunidade”, de que fala o Prof. Adriano Moreira, ao recomendar uma avaliação mais atualizada sobre a articulação e coerência da relação triangular Portugal-Angola-Brasil, natural e necessariamente inclusiva dos demais membros da Comunidade.
Sobressai nesta comunidade a referida maritimidade comum, reforçada pelo facto das respetivas capitais se apresentarem como grandes cidades ribeirinhas, servidas por plataformas portuárias de excelência. Com exceção de Brasília, a particularidade emerge de Lisboa a Díli, passando por Luanda, Maputo, sem esquecer Bissau e não contando, evidentemente, com os arquipélagos como Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, por maioria de razão, atestando uma condição marítima a que não será estranha a natureza e formato histórico das descobertas portuguesas.
No atual panorama de globalização mundial, a litoralização das cidades, estimuladas pela concorrência, irá determinar o desenvolvimento daquelas grandes metrópoles, uma observação que exprime um propósito de valorizar, numa segunda parte da comunicação, o potencial marítimo do conjunto de membros da CPLP.
A terminar, foi mencionado que “o futuro da Comunidade deverá passar pela mobilização da sociedade civil, académica e empresarial, privilegiando os domínios da ciência e I&D e pelas dinâmicas dos diversos sectores, incluindo saúde, transportes, formação profissional, economia e empresas, etc, cativando cada um dos parceiros para se associarem num elan estratégico de concretização das declarações proclamatórias em realizações concretas que melhor possam servir as aspirações e necessidades das populações em sede do desenvolvimento e bem-estar de que carecem.