Em 21 de março foi apresentada a comunicação “A Arte em Portugal no tempo dos Descobrimentos: De Nuno Gonçalves a Francisco de Holanda”, pelo Prof. Doutor Fernando António Baptista Pereira.
Para o orador, quando se fala em «Arte Portuguesa da Época dos Descobrimentos» vêm-nos à memória os Painéis de S. Vicente e o chamado Estilo Manuelino. As questões levantadas pela arte do reinado de D. Manuel I como cruzamento fecundo de correntes artísticas num momento de grande abertura ao Mundo, proporcionada pelas viagens de Descobrimento, para depois nos determos no arco cronológico que separa Nuno Gonçalves (atividade conhecida 1450-1491) do primeiro artista-teórico que dele falou – Francisco de Holanda (1517/8-1584).
O Professor lembrou que o pintor régio Nuno Gonçalves é reconhecidamente o autor de um grande retábulo executado para o altar das relíquias de S. Vicente da Sé de Lisboa, de que restam as seis tábuas dos chamados Painéis de S. Vicente, entre outras pinturas. Nesses seis painéis desfila uma magnífica galeria de cinquenta e oito retratos rodeando uma dupla representação do Santo, perenizando a imagem de destacadas personagens da Expansão Portuguesa e transmitindo uma mensagem neocruzadista. Já o pintor-iluminador e teórico da Arte e da Arquitetura e Urbanismo Francisco de Holanda (1517/8-1584), conhecido internacionalmente pelo seu Tratado Da Pintura Antiga, mas também pelos seus magníficos desenhos do Álbum das Antigualhas e do Tratado Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa e, sobretudo, pelo álbum iluminado De Aetatibus Mundi Imagines, se apresenta também como incentivador de um outro tipo de cruzada, a da modernidade artística, «à italiana», baseado nas conceções filosóficas neoplatónicas cristãs que bebera na sua formação e consolidara durante a sua viagem a Itália, durante a qual privou com Miguel Ângelo.
A terminar a sua apresentação disse que “entre esses dois grandes faróis da Arte Portuguesa dos séculos XV e XVI, desenrola-se um ciclo de retábulos narrativos nos reinados de D. Manuel I e D. João III, realizados por artistas flamengos, luso-flamengos e portugueses que alteraram a decoração interior das igrejas portuguesas “.