Em Sessão Solene e sob a presidência do Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, Almirante António Mendes Calado, decorreu em 23 de outubro, no Auditório da Academia de Marinha, uma comunicação intitulada "500 anos da fundação da Igreja de Nossa Senhora do Loreto A propósito do Loreto: reflexão livre sobre a globalização, culto e cultura", inserida no 8.º Ciclo de Conferências Relações Luso-Italianas, tendo sido proferira por Dom Manuel Linda, Bispo do Porto e Administrador Apostólico do Ordinariato Castrense.
Recordemos que há 500 anos, em 8 de Abril de 1518, os canónicos de S. João em Latrão resolveram aceitar a doação do terreno pelos mercadores italianos residentes em Lisboa. «Na altura, Lisboa era a capital do mundo». A construção dá-se no reinado de D. Manuel I, sendo dedicada a Nossa Senhora do Loreto, principal santuário Mariano da Itália, antecipando, de certa forma, a unificação do território transalpino.
A partir desta altura, a Igreja do Loreto de Lisboa tornou-se ponto de encontro da diáspora italiana em Lisboa, e, para além do seu papel de casa espiritual dos Italianos, manteve-se como lugar de referência da conservação da memória do património histórico e cultural da presença italiana na capital portuguesa.
As comemorações do V centenário, que se iniciaram no dia 8 de Abril de 2018, pretendem assim assinalar o percurso dos Italianos em Lisboa, divididos da pátria Mãe.
O Presidente da Academia de Marinha, Almirante Francisco Vidal Abreu, referiu na sua alocução que a realização desta sessão ocorreu"(…)de uma louvável iniciativa da Senhora Professora Nunziatella Alexandrini, investigadora integrada do Centro de Humanidades do CHAM da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova e membro associado da classe de História Marítima da Academia de Marinha, em que há que reconhecer, desempenha um inquestionável papel dinamizador da investigação neste domínio das relações luso-italianas." e que "o tema central escolhido foi: "No âmbito das comemorações dos 500 anos da fundação da Igreja de Nossa Senhora do Loreto de Lisboa". Sem dúvida um tema que poderia ser abordado por um leigo estudioso da matéria. Mas a palavra igreja levou-nos a pensar que esta seria uma oportunidade de trazer até nós o Senhor Dom Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança antes que rumasse a outras paragens."
Dom Manuel Linda, que iniciou a sua reflexão lembrando que há quinhentos anos que a igreja do Loreto está de portas abertas para a comunidade italiana de Lisboa, para os fiéis da capital e mesmo para os turistas e apreciadores da arte, explicou que "Portas abertas significam possibilidade de entrada, abeiramento ao contacto com o Sobrenatural. Mas, evidentemente, pelas portas também se sai para um mundo que, sendo autónomo e profano, pisa o mesmo solo e coabita o mesmo espaço urbano. Isto é, a portas abertas põem em contacto dois mundos que dão e recebem, que se amam ou desprezam, mas que, rigorosamente, nunca são indiferentes entre si e quase sempre se influenciam".
Para o Chefe do Ordinariato Castrense, Dom Manuel Linda, um templo é sempre expressão da grande Igreja, entendida como confissão religiosa. Uma igreja relaciona-se sempre indelevelmente com a cultura percebida como mentalidade dinâmica e que deve tender sempre ao humanamente mais gratificante.
A terminar, deixou-nos o seu pensamento "A fé cristã é portadora de uma série de valores e convicções que muito pode ajudar a cultura a corresponder mais aos anseios do homem e da sociedade dos nossos dias. A ética cristã é humanizadora, detentora de uma fina sensibilidade antropológica e perfeitamente consonante com os direitos humanos, esse «marco miliar sinalizador do largo e difícil caminho do género humano»Não pretende hegemonias nem monopólios: deseja ajudar o homem a ser mais homem e a cultura a corresponder a esse desígnio".