Na sessão cultural de 26 de junho foi apresentada a comunicação “O caminho meândrico dos médicos na saúde naval. Contributo pessoal interpretativo”, pelo Contra-almirante, médico naval, Eduardo Teles Martins.
Na sua apresentação, o conferencista lembrou que “(…) Para a generalidade dos estudantes de medicina da minha geração, a prática médica no âmbito das Forças Armadas apresentava-se como uma longínqua e não desejável alternativa para a vida profissional. As mudanças socias induzidas pela revolução de 25 abril e as suas exigências sobrepuseram-se às vontades de partida de muitos médicos e trouxeram-nos para o âmbito da Medicina Militar. (…) Ser médico entre militares, ou ser militar entre médicos é nunca ser inteiramente nem uma coisa, nem a outra. É ser diferente entre iguais. É fazer o mesmo com mais esforço, é necessitar de fazer muito mais para conseguir o mesmo”. Nesta perspetiva deu-nos o seu testemunho pessoal e interpretativo, para que posteriormente outros não venham a deturpar a realidade. Salientou que nestas três décadas existiram varias razões para entrar, permanecer ou sair da medicina militar, determinando assim, o caminho meândrico dos médicos na Saúde Naval.
Para finalizar a sua intervenção, divulgou um estudo por si realizado sobre a Saúde Naval, relativo ao período 1980/2012, que refere: “A Marinha não soube atrair, estimular, reter e utilizar os seus médicos navais; A Saúde Naval esteve sempre muito vulnerável às influências externas, nomeadamente aos movimentos e mudanças no SNS e nas estruturas privadas da saúde; Muitos médicos procuraram a Marinha para garantir a sua formação (curso e/ou especialização); Alguns médicos recolheram-se na Marinha como local de fuga à periferia; Poucos médicos viram a Marinha como o local ideal para desenvolver a sua profissão.”