Em 30 de maio foi apresentada a comunicação “Construção naval em Damão e o comércio do ópio (séc. XVIII e XIX)”, pela Profª Doutora Ernestina Carreira.
A oradora recordou que a construção naval e a reparação de naus foram um dos pilares essenciais da edificação militar e económica da Ásia portuguesa entre os primórdios do século XVI e as duas primeiras décadas do século XIX. Os estaleiros da Índia forneceram uma grande parte dos navios da Carreira da Índia e até uma boa parte das naus de guerra que defenderam o Atlântico português até à independência do Brasil, em 1822.
Na sua comunicação a professora Ernestina apresentou a evolução dos grandes espaços de construção indianos antes do século XVIII, em particular sobre o extraordinário exemplo de Damão, no período que seguiu a reforma pombalina dos arsenais do Império. Elevado à categoria de Estaleiro Real a partir de 1773, este modesto porto do Guzerate rivalizava, vinte anos mais tarde, com os maiores estaleiros da Ásia (Bombaim, Calcutá…) e produzia as mais prestigiosas embarcações de comércio e de guerra da época. A bem conhecida fragata Dom Fernando e Glória, construída em 1843 e hoje restaurada em Portugal, foi a derradeira embarcação de guerra da história destes estaleiros. O desenvolvimento exponencial do comércio do ópio entre a Índia e Macau a partir dos primeiros anos do século XIX também foi um dos motores essenciais do dinamismo deste espaço de construção.