Em 14 de fevereiro foi apresentada a comunicação “O Mar das Molucas no século XVI: navegação, pirataria e pilhagem”, pelo Pro. Doutor Manuel Leão Marques Lobato.
O orador salientou na sua apresentação que as tentativas portuguesas para celebrar contratos de exclusividade para o fornecimento de especiarias suscitaram a oposição dos reis locais, que não compreendiam o conceito de monopólio e continuaram a fornecer cravo e noz-moscada aos mercadores asiáticos, especialmente javaneses. Apesar do conflito que conduziu à rendição da fortaleza portuguesa de Ternate em 1575, o sultão só interrompeu os fornecimentos de especiarias aos portugueses após a entrada em cena dos holandeses. Durante o último quartel do século XVI, as frotas portuguesas, compostas por coracoras e outros navios de remo, operaram nas imediações de Amboino, onde tinham um bastião, envolvendo-se num esforço sazonal para restringir as atividades dos juncos javaneses.
As relações de dependência então estabelecidas foram encaradas como justificação para os raids e para a imposição de tributos sobre as populações subjugadas quer pelas frotas portuguesas quer pelas do sultão de Ternate. Neste período, a formação do poder estatal repousava principalmente na força naval e no prestígio político que ela proporcionava. Os remeiros e, por vezes, os próprios guerreiros engajados em expedições predadoras e punitivas, são eles próprios forçados e dar mostras da sua fidelidade quer ao sultão, quer ao capitão da fortaleza portuguesa de Amboino, já que as pequenas formações políticas subalternas e tributárias eram obrigadas a contribuir com um certo número de homens e embarcações para as forças navais dominantes.
A terminar disse que no caso do sultão, este envolvimento tornou-se ainda mais notório, porquanto a ilha de Ternate, centro político do sultanato, fornecia uma base territorial e demográfica muito reduzida.