Em 27 de fevereiro teve lugar a cerimónia de entrega do Prémio “Almirante Sarmento Rodrigues” /2017, e a apresentação da obra premiada, “Roteiros e rotas portuguesas do Oriente nos séculos XVI e XVII”, da autoria do académico Jorge Semedo de Matos.
Após agradecer a presença do Almirante CEMA e AMN, nas vésperas de deixar o comando da Marinha, o Presidente da Academia referiu no seu discurso que “foi com gosto que o recebemos nesta ocasião e que a presença do Chefe do Estado-Maior da Armada dá a devida solenidade a esta sessão, na continuidade de uma já longa tradição, assim honrando o fundador desta Academia, exímio marinheiro, administrador, político, diplomata e, acima de tudo, um visionário. (…) aproveitando a oportunidade para, em nome da Academia de Marinha, lhe desejar bons ventos para os próximos anos em que irá desempenhar as altíssimas funções de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas”.
Relativamente ao prémio “Almirante Sarmento Rodrigues”, de âmbito internacional e atribuído nos anos ímpares, é destinado a impulsionar e a dinamizar a pesquisa, a investigação científica e o estudo da História das atividades marítimas dos Portugueses, honrando assim a memória do seu patrono, primeiro presidente desta Academia e fundador do Centro de Estudos de História Marítima em 1969, que esteve na sua génese.
O Presidente agradeceu também aos membros do júri do prémio o apoio dado à Academia de Marinha, pelo trabalho de análise e avaliação das 11 obras concorrentes.
Para além do prémio já referido, foi atribuída uma menção honrosa à obra “Jornal da Marinha: Chefias, mudanças, permanências e desempenhos nos últimos 180 anos” da autoria do Académico João Moreira Freire.
Terminada a cerimónia de entrega dos diplomas, o premiado, Comandante Semedo de Matos, apresentou a sua obra “Roteiros e rotas portuguesas do Oriente, nos séculos XVI e XVII” como sendo um projeto que nasceu há muitos anos atrás, quando ainda frequentava o mestrado em “História dos Descobrimentos”.
O autor da obra referiu que podemos encontrar nos textos dos Roteiros a preocupação na forma como descreve a rota, os perigos e os momentos que ali viveu o piloto, explicando os procedimentos, as recomendações sobre a navegação, no fundear durante a noite, as características dos fundos, das conhecenças, sejam elas de terra ou do próprio oceano e os aspetos meteorológicos relevantes.
Por fim, salientou que “estes roteiros falam de fundos, sujos, sujões e limpos, claros ou escuros; de águas amassadas e arvoredos esfarrapados; ilhas escalvadas, com montanhas que parecem montes de trigo, selas, duas irmãs, capelos de frade, ou orelhas de lebre; descrevem promontórios altos que vêm beber ao mar. Mostram-nos uma linguagem própria dessa gente do mar de outros tempos, uma linguagem simples que recorre ao seu próprio quotidiano e à sua vivência para descrever os acidentes geográficos das suas rotas, uma linguagem que talvez não esteja de todo desaparecida das nossas póvoas e comunidade piscatórias, ainda hoje. Uma linguagem que achei fascinante”.
A terminar, o Almirante CEMA e AMN, António Silva Ribeiro, usou da palavra para se despedir da Academia, na qualidade de Comandante da Marinha, e também para enaltecer os feitos de enorme significado deixados pelo patrono do prémio, Almirante Sarmento Rodrigues.