Em 28 de março foram apresentadas as comunicações “Diogo do Couto (1542-1616): Vida e obra de um autor polémico”, pela Académica Maria Augusta Lima Cruz e “O primeiro soldado prático de Diogo do Couto e os seus contemporâneos”, pelo Doutor Nuno Vila-Santa.
Para a Professora Maria Augusta Lima Cruz Diogo do Couto (1542-1616) foi um dos escritores mais prolíferos da sua época. Mais conhecido como autor das Décadas da Ásia, monumental obra sobre a história do império português oriental e suas interações com os mundos asiáticos, ganhou ainda popularidade como escritor político de intervenção, enquanto autor de dois diálogos d' O Soldado Prático, protagonizados por um soldado anónimo, uma espécie de seu alter ego, verdadeiros libelos acusatórios dos desmandos do império asiático português. Foi ainda autor de peças de oratória, tratadista, biógrafo, narrador de naufrágios, e epistológrafo, tendo sido provavelmente um dos primeiros comentadores d' Os Lusíadas. Na sua juventude, teria mesmo escrito poemas. Como primeiro guarda-mor da Torre do Tombo de Goa, teve a seu cargo a organização deste arquivo do Estado português da Índia. A finalizar salientou a importância da sua obra historiográfica para o estudo do império português oriental e povos asiáticos, nos séculos XVI e XVII.
O Doutor Vila-Santa lembrou que Diogo do Couto partiu para a Índia jovem em 1559, tendo iniciado, em data desconhecida, a redação do que ficou conhecido como o seu primeiro Soldado Prático. Na primeira versão deste Diálogo entre um ficcional soldado experiente e um vice-rei acabado de nomear sem prévia experiência da Ásia, Diogo do Couto denunciava já diversos males. No entanto, fazia-o num tom bem mais moderado do que faria no segundo Soldado Prático, redigido já no final do século XVI quando a sua desilusão com o “sistema” era já bem maior.